domingo, 26 de janeiro de 2014

Iron Maiden - Iron Maiden

O primeiro disco da banda britânica de Heavy Metal, Iron maiden, foi lançado em 14 de abril de 1980, pela gravadora EMI.
No final da década de setenta, o Reino Unido passava por uma séria crise socioeconômica, que ameaçava espalhar seu rastro além das décadas. A inflação atingia níveis alarmantes, e a taxa de desemprego assombrava as famílias da classe trabalhadora, tal qual uma praga recém-chegada. Na verdade, todo esse acontecimento era um reflexo dos anos pós-guerra enfrentados por toda a Europa, formando um cenário de pessimismo e baixas perspectivas.
Para reverter o quadro, o governo inglês promoveu um forte esquema político,            que colocava na linha de frente as principais potências partidárias de toda a nação. Foi o estopim para a impactante carreira de uma mulher com forte senso de liderança, além de um posicionamento firme e nervos de aço para encarar e assumir riscos que incluíam desde o futuro da população britânica até a aristocracia real.
Aconteceu em 1979. Margaret Thatcher torna-se a Primeira-Ministra do Reino Unido, sendo este um marco histórico não só para o país, mas também para o seu partido (o Partido Conservador, do qual foi a primeira líder mulher) e, por que não, para a humanidade. Afinal, não era comum na época eleger mulheres para altos cargos políticos, mesmo na terra de Elizabeth II, onde ainda hoje a monarquia exerce influência soberana nas questões sociais. As cortinas desse cenário se fecharam, e uma aposta no futuro foi lançada, com o objetivo único de resgatar os traços de dignidade e prosperidade perdidos em alguma parte na linha da história.
O início dos anos oitenta trouxeram desafios para Margareth, como o combate contra a recessão econômica, a crise do desemprego (como nos dias atuais) e uma antiga richa contra os nossos “hermanos” (sim, eles mesmos) pelas Ilhas Malvinas, onde a Argentina dançou um tango daqueles... Sua conduta foi marcada por rigidez, doutrina e principalmente repressão aos sindicatos e a política soviética, sendo que entre rebeliões, tensões civis e até tentativa de assassinato, Margareth cravou seu nome na história britânica, recebendo de críticas da população a elogios e honrarias de diversos governos do mundo.
Logicamente que a história não se resume a isto. Voltando um pouco no tempo, mais precisamente em 1975, vemos um jovem Steve Harris deixar sua atual banda, o GYPSY’S KISS para rumar em direção a algo novo, que fugisse da já manjada história de ter uma banda-aprender a tocar-fazer umas jams-tocar covers em bares.  Baixista rodado de outra banda, o SMILER, Steve era um entusiasta do futebol e um fanático por história, principalmente a do seu país. Natural de Londres, o jovem estava ávido por lançar-se em uma carreira própria, montando seu próprio time, já que estava farto de tocar covers e ser criticado por outros músicos amadores por insistir em material autoral. Sem ficar preso a opiniões, bastou a chegada do Natal daquele ano para Steve materializar seu objetivo: como que buscando inspiração no filme O Homem Da Máscara De Ferro (1938), longa-metragem baseado na obra de Alexandre Dumas, Steve encontrou o nome perfeito para batizar seu novo conjunto. Ao ver a grande máquina de tortura medieval usada para sentenciar prisioneiros da Idade Média, não teve dúvidas em usar seu nome para seus propósitos. Estava criada a lenda britânica IRON MAIDEN.
Desde o início Steve sabia o que queria. Orgulhava-se de ser um headbanger, e a todo custo faria de sua cria uma banda de Metal. Durante a segunda metade dos anos setenta, o movimento Punk estourou, e aliado às condições sociais impostas pelo governo britânico sua ideia de liberdade e igualdade alastrou-se não só pela velha Inglaterra, mas pelos quatro cantos do mundo. A essa altura, só o que se ouvia era o som das três notas, o rugido das batidas ensandecidas e o berro que rasgava diretamente dos porões sujos e escaldantes dos guetos ingleses, onde a palavra anarquia nunca havia feito tanto sentido quanto naquele momento. Nesses primeiros anos de vida o IRON MAIDEN ouviu diversas propostas para largar o Metal e tornar-se Punk, mas Steve era irredutível em sua postura: Houvesse o que houvesse, sua banda seria de Heavy Metal, nada diferente disso.
A banda foi fundada no Natal de 1975, pelo baixista Steve Harris. Desde então, tem acumulado fama e fortuna ao redor do planeta.
Durante um espaço de quatro anos, as formações que compuseram o elenco da ‘Donzela de Ferro’ foram inúmeras, visto que Steve não se contentava com as qualidades dos integrantes que iam e vinham na sua banda. Em um dado momento, Steve conseguiu recrutar um jovem guitarrista de cabelos loiros, Dave Murray, que rapidamente substituiu a dupla das seis cordas que o IRON MAIDEN possuía. Por algum momento, o conjunto se estabilizou com Ron Matthews na bateria e Dennis Wilcock nos vocais, o qual desempenhava aparições com bastante pirotecnia e técnicas circenses no palco. Com a adição de do guitarrista Bob Sawyer, logo houve um desentendimento entre este e Dave, que oprimido por Dennis, resolveu largar o grupo na Primavera de 1977. Não demorou para Bob ser chutado da Donzela, após Steve comprovar que o mesmo usava artifícios falsos para impressionar a plateia, o que o deixou irritado. Houve então a convocação do guitarrista Terry Wapram, que foi o único detentor das seis cordas da banda por algum tempo, até a saída de Ron, ainda em 1977. Para repor a vaga, Thunderstick foi adicionado, juntamente com um tecladista (!), Tony Moore. Alguns shows foram realizados com essa formação, até Steve perceber que os teclados não se encaixavam na sonoridade do grupo, então Tony foi dispensado. Terry o seguiu, o que deixou a vaga de guitarrista novamente aberta. Steve não pensou duas vezes em ir atrás de Dave para propor-lhe um retorno, o qual foi aceito prontamente. Nesse interim, Dennis resolveu deixar o conjunto, levando consigo o baterista Thunderstick. Algum tempo depois Dennis formaria o grupo V1 com o Tony e Terry, enquanto Thunderstick faria parte da banda SAMON, que possui uma história muito íntima com o IRON MAIDEN, como poderá ser visto futuramente.
Steve não se rendeu. Antes do final de 1977, ele e Dave recrutaram o baterista Doug Sampsom, que segurou bem o ritmo das baquetas da Donzela. Steve ainda conseguiu convocar o vocalista Paul Di’Anno, um típico Punk desordeiro, produto de toda uma revolução social de incontáveis distúrbios. Com a postura debochada e irreverente de Paul nos vocais, aliada a forma de tocar encorpada e altamente técnica de Steve, uma fórmula mágica desenhou-se sob os olhos da banda, e no último dia do ano de 1978 o IRON MAIDEN gravou sua primeira demo, THE SONDHOUSE TAPES. Calcada na NWOBHM, a gravação contava com apenas três faixas e uma tiragem única de cinco mil cópias, disponíveis por correio ou através dos shows da banda. O material esgotou-se em poucas apresentações, e para desespero de muitos fãs nunca foi feita uma segunda tiragem, embora o conteúdo desta demo esteja presente no lançamento em vinil quádruplo de uma coletânea de 1996, intitulada BEST OF THE BEAST (que também existe na versão em CD duplo, mas sem a demo citada). Hoje em dia, em alguns sites de leilão na internet, uma cópia desta primeira prensagem chega a velar alguns milhares de dólares.
Lançada apenas no dia 9 de novembro de 1979, a película não viu o tempo passar, contudo o IRON MAIDEN já era uma realidade: Após quatro anos, tocava com garra e competência, possuindo ótima regularidade de shows e uma legião de fãs ávidos pelas notas melódicas e ao mesmo tempo furiosas do conjunto, que durante o início do ano ainda contou com duas guitarras, num posto altamente rotativo, até a entrada definitiva de Dennis Stratton que formou dupla com Dave Murray no lançamento do primeiro disco oficial da carreira da Donzela de Ferro. Enquanto Steve mantinha a postura de metalhead em alta, a sociedade e principalmente os sindicatos trabalhistas atacavam Margareth, dando-lhe o mordaz apelido de ‘Dama de Ferro’.
A mídia especializada foi forçada a notá-los, principalmente após as publicações da influente revista musical britânica Sounds apontar o grupo como um dos pioneiros da NWOBHM. Não tardou para o poderoso selo EMI tentar arrancar uma fatia de todo esse prestígio, e em dezembro daquele ano um contrato foi assinado entre a gravadora e Steve, que aquela altura já contava com o auxílio empresarial de Rod Smallwood, sujeito de vital importância para o sucesso do conjunto. Vale destacar que durante esse processo a gravadora despachou os conterrâneos do ANGEL WITCH numa das histórias mais inusitadas do Metal, sendo que o selo possui uma parceria com a trupe de Steve até os dias de hoje.
Visando captar o momento único vivido pela banda, que fazia apresentações viscerais nas mais famosas casas de show de Londres, como o Ruskin Arms , o Markee Club e o Rainbow Theatre, a gravadora solicitou a gravação de um single para rodar no mercado antes do lançamento oficial do primeiro disco. Durante as gravações deste trabalho Doug Sampson ficou doente, deixando o posto das baquetas vago para adição de Clive Burr, dono de uma técnica peculiar desenvolvida de forma exclusiva e particular, sem auxílio de professores ou coisa do tipo. Com a participação de dois bateristas a banda recordou as faixas RUNNING FREE e BURNING AMBITION, que faziam parte do material lançado em 8 de fevereiro de 1980. O compacto atingiu a quarta posição nos charts musicais britânicos, e pela primeira vez a mascote da banda, Eddie, faz uma aparição oficial. Seu rosto está encoberto por uma sombra, visto que o objetivo da banda era disponibilizar sua imagem completa apenas durante o lançamento do full lenght.
Com a boa repercussão de RUNNING FREE a banda sabia que estava com o caminho parcialmente pavimentado, enquanto a gravadora tinha a sensação de ter achado uma mina de ouro. No entanto, foi preciso uma paciência de Jó por parte dos fãs para enfim terem o primeiro trabalho completo da Donzela de Ferro em mãos. Steve não se satisfazia com os produtores disponibilizados pela EMI para realizar a captação das músicas, que apesar de terem saído no prazo nunca contentaram o líder do conjunto. Após tentar diversos profissionais, ficou acertado que Will Malone cuidaria da película, que já estava a mil no Kingsway Studios, localizado em Londres.
Ao lado de Steve, Dave Murray é o único integrante da banda a marcar presença em todos os discos da Donzela de Ferro, como ficou mundialmente conhecida.
Steve não perdoa a forma como o disco foi concebido. Ele alega que o som ficou cru demais, muito próximo do Punk, muito por causa da forma descompromissada de trabalhar de Malone. O baixista afirma que praticamente tudo no disco foi feito na raça, com conhecimento próprio e da equipe do estúdio, enquanto Will apenas reclamava e lia jornal. Contudo, seu nome acabou sendo creditado na contracapa do material, que ganhou as ruas no dia 14 de abril de 1980.
O conteúdo do disco é de uma potência ímpar, usando e abusando de passagens altamente técnicas e mudanças de andamento, do jeito que Steve gosta. As guitarras gêmeas tiradas da lenda irlandesa THIN LIZZY empregavam uma dose cavalar de adrenalina nas composições, enquanto a fúria contida nos vocais raivosos de Paul dava a tônica para um trabalho recheado de excelentes composições. Do riff melódico que abre a faixa PROWLER, a primeira do disco, passando por RUNNING FREE, CHARLOTTE THE HARLOT e a faixa título, o que se tem é uma das mais primorosas fatias do novo Metal britânico, que ainda encontrava espaço para composições mais trabalhadas, como RENEMBER TOMORROW (cujo trabalho vocal marca grande presença com o andamento crescente da faixa), PHANTOM OF THE OPERA (com desempenho magistral das guitarras, empregando acompanhamento vocal de bom gosto), TRANSYLVANIA (instrumental de mudanças dramáticas, indo do mais ríspido para o mais suave) e STRANGE WORLD (uma das melhores do disco, com sensibilidade e melodias inspiradíssimas, tudo de forma bem suave). A canção SANCTUARY deveria ter feito parte da película, mas como a faixa já estava cotada para o single de maio daquele ano, Steve preferiu priorizar o lançamento deste material. A capa deste trabalho deu o que falar, pois nela Eddie aparece apunhalando a Primeira Ministra Margareth que, capitaneando uma verdadeira caça a banda, conseguiu na justiça que a gravadora não usasse sua imagem. Bastou uma tarja sob os olhos da figura na calçada e tudo estava resolvido; contudo a prensagem sem a censura é uma peça raríssima, disputada a socos pelos colecionadores. Pior para Margareth, que a partir daí passou a ser alvo de perseguição de várias bandas do círculo musical britânico, principalmente o Punk e o Crust que, abusando de força total e uma popularidade absurda no underground, usava de letras ácidas para difamar sua imagem e escancarar as portas de uma sociedade falida, afogada em dívidas e pobreza. Em 1998, Steve, arrependido, preferiu incluir a faixa no relançamento do disco. Ela passou a ocupar o número 2 no tracklist.
Embaladas por uma cortina de fumaça de gelo seco, efeitos de luz bem sacados e uma performance quase teatral de tirar o fôlego, ficava difícil não apontar o IRON MAIDEN como uma nova sensação. O momento era tão favorável que a banda marcou presença em diversos programas, dentre eles o tradicional Top Of The Pops da emissora britânica BBC, no qual tocara ao vivo durante a divulgação do single RUNNING FREE, uma atitude ousada do conjunto, visto que todos os grupos convidados apenas gravavam suas apresentações. A última banda que tinha tocado ao vivo no local foi o THE WHO, em 1972.
E não parou por ai. Agendando uma turnê pelo solo britânico, a banda abriu os shows do JUDAS PRIEST em plena divulgação do disco BRITISH STEEL de 7 de março a 27 do mesmo mês, o que rendeu uma voa discussão entre a Donzela e os Metal Gods, tudo por causa de uma declaração polêmica de Paul Di’ Anno, bem ao seu estilo, dizendo que ele e sua banda passariam por cima do Priest em sua própria turnê. Foi o pontapé para uma das mais calorosas disputas do som pesado.
O conjunto é um dos precursores da NWOBHM, movimento musical britânico que fez ressurgir o Heavy Metal no Reino Unido.
O poderio do IRON MAIDEN estava começando a ficar grande demais para as fronteiras inglesas, coisa que Rod e a gravadora já haviam percebido. As casas de show já não suportavam a quantidade de fãs que seguiam o conjunto para onde quer que ele fosse, e numa jogada de mestre, o empresário do grupo conseguiu um contato com ninguém menos que Gene Simmons, e após uma boa conversa o demônio partira juntamente com o colosso KISS para a primeira turnê europeia da banda norte americana, contando com quem para abrir os shows? Pois é! A Donzela mais uma vez aceitou prontamente a proposta, e a longa excursão que passou por Bélgica, França, Alemanha, Dinamarca, Noruega, Suécia e Holanda causou uma ótima impressão nas mais de 350.00 pessoas que tiveram a oportunidade de acompanhar a perna da turnê do disco UNMASKED dos caras pintadas, e um sabido quinteto britânico navegou de vento em popa, rumo a plateias cada vez maiores e mais ensandecidas... Na volta para a terra natal, uma nova excursão já os aguardava, e em agosto daquele ano o conjunto participou do imponente Reading Festival, que contou com a presença de várias grandes bandas: SLADE (ovacionado), DEF LEPPARD (vaiado), e o UFO, que desfrutava de uma fama nunca antes vista pela banda. O IRON MAIDEN tocou em penúltimo, arrancando sonoros elogios da multidão.
Apesar de todo o sucesso que o conjunto estava colhendo, a boa fase não duraria para sempre, pelo menos não para todos. O disco autointitulado de Steve e companhia é o único a contar com essa formação, visto que Dennis foi dispensado da banda por Steve e Rod, alegando que o guitarrista não estava se dedicando 100% ao trabalho da banda. Começou um debate acalorado entre Dennis e Steve, e o que se escuta é que as influências musicais dos instrumentistas falaram mais alto para esta decisão, já que Dennis nunca foi um fã aficionado de Metal, enquanto Steve daria a vida pelo gênero que ajudou a construir.
Hoje, mais de trinta anos após o lançamento deste clássico do Heavy Metal, o que podemos concluir é que a Donzela estava fadada ao sucesso. O trabalho duro aliado a competência e ao profissionalismo fez dessa banda a maior do planeta, e dificilmente alguma outra irá lhe tirar este posto num futuro próximo. Os passos dados por esse gigante da música passada deixaram pegadas que foram seguidas à risca por uma infinidade de outros conjuntos que, assim como o próprio IRON MAIDEN, vivem para trilhar seus próprios caminhos.
Passou a primeira metade da década de oitenta e, em 1987, após uma difícil reeleição e mesmo mantendo sua postura conservadora e extremamente de direita, foi durante um plano de sustentação econômica que se tornou um fiasco brutal que Margareth Thatcher não viu outra escolha a não ser pedir para sair, ainda que perseguida pela sociedade e pelas bandas que desciam a lenha na sua imagem sem dó. Coube aos seus sucessores se desdobrarem para consertar o estrago e conter as manifestações da massa social. Sem o mesmo sentimento de revolta, que mantinha aquela chama incontrolável do início acesa, O Punk Rock de outrora já havia metido os pés pelas mãos, pregando sua própria destruição. Coube ao Heavy Metal manter seu curso, com vem fazendo até os dias de hoje.
A versão de 1998 é a mais completa da obra, contando com a faixa Sanctuary, que havia saído apenas como single ainda em 1980. O primeiro disco do Iron Maiden é considerado um item essencial na coleção de qualquer metalhead!
Escrito em 26 de janeiro de 2014 com início às 20hrs. e 12min.









sábado, 18 de janeiro de 2014

Heavy Metal Maniac - Exciter

O primeiro disco da banda de Speed Metal Exciter, lançado em 1983.
...O salmão do Pacífico, conhecido pela sua peculiaridade de procurar a reprodução no local exato de seu nascimento, localizado em rios ribeiros e lagos no norte do continente americano, distingue-se das demais espécies de peixes justamente por possuir esta natureza híbrida, vivendo boa parte de sua vida no oceano e, durante o período de acasalamento, retorna a água doce, enfrentando uma jornada que garante não só a perpetuação de sua própria espécie, como também de muitas outras formas de vida que se alimentam deles enquanto executa esta que é considerada uma das mais espetaculares migrações da terra. O prazo de três semanas que leva para cruzar o Pacífico e adentrar nas águas da costa dos Estados Unidos beneficia, diretamente ou não, toda a fauna e flora que ali se encontra (ursos, lobos, aves das mais variadas espécies, mamíferos de pequeno porte e até mesmo as árvores e plantas), mantendo todo um ciclo ativo. É um espetáculo da natureza, uma prova de perseverança demostrada a partir do senso mais natural dos seres vivos. Tal ação promove uma cadeia próspera de existência, ainda que custe a vida daqueles que a propagam.
O esforço gerado por estas criaturas, que desde o início da migração renegam o descanso e a alimentação cobra seu preço ao final da viagem, onde os milhares de peixes que sobrevivem ao grande trajeto e executam a cópula enfim morrem de exaustão e nutrem o leito dos rios através da decomposição de seus corpos. A natureza sempre mostrou como as coisas funcionam...
Em 1977. O jovem John Ricci, já cansado da vida monótona que levava passando por bares e pequenos pubs enquanto tocava sua guitarra usada, não via grandes progressos em seguir adiante com seu grupo, o então intitulado HELL RAZOR. Cidadão de Ottawa, capital do Canadá e localizada na província de Ontário, a mais populosa do país, a promissora vida como operário em uma das várias indústrias do local começavam a mexer com sua cabeça, principalmente após a queda de seu conjunto, quando houve uma debandada de todos os componentes. Desamparado, Ricci ainda conseguiu reunir suas últimas esperanças na música e passou a procurar novos integrantes para sua empreitada. Na época sua banda praticava um estilo musical que estava distante da revolucionária alavanca do Metal dos anos oitenta, e tudo o que fazia era sonhar com um futuro de condições melhores para suas músicas e pretensões.
John ficou pouco tempo sozinho. Após o abandono dos antigos integrantes do HELL RAZOR, Ricci encontrou na banda JET BLACK os instrumentistas perfeitos para comporem seu novo time. O grupo, conterrâneo ao de Ricci, apresentava o baixista Allan Johnson, um sujeito de aparência franzina e longos cabelos loiros, e Dan Beehler, rapaz de aparência amedrontadora e detentor de uma enorme juba emaranhada, conhecido nas redondezas por tocar de forma exímia sua bateria de dez peças (incluindo um bumbo duplo, até então seu grande trunfo). A banda fazia um som que seguia uma linha visceral, algo próximo ao Metal tradicional que sempre agradou Ricci, então após alguns ensaios ficou clara a interação entre os rapazes que não tardaram em deixar o JET BLACK no passado e se juntarem a John em uma nova jornada.
A banda é original da cidade de Ottawa, no Canadá, e é apontada como uma das precursoras do gênero Speed Metal em todo o mundo.
Com um time totalmente novo, faltava apenas escalar um bom vocalista, capaz de segurar todo o impulso jovial contido nas batidas ferozes e nas notas ácidas do conjunto. A tarefa obviamente não foi simples e após algumas audições o trio estava entrando em um complexo de carência quanto ao posto, até que Dan Beehler resolveu soltar a voz em um dos ensaios do grupo e surpreender a Allan e John. Ao fim de uma apresentação selvagem de Beehler que cantou e tocou seu instrumento desenfreadamente, John e Allan estavam certos de que não havia mais necessidade alguma de procurar por alguém para assumir o centro do palco. A bateria então foi remanejada um pouco mais para frente, e a exemplo do que já faziam Carl Parmer do viajante ELP e Peter Criss do explosivo KISS, o HELL RAZOR passaria a contar com um baterista/ vocalista, que incendiava suas apresentações de forma insana, chacoalhando a cabeça enquanto tirava levadas ferozes de seu kit e um vocal poderoso. Era algo estrondoso de se ver.
O grupo permaneceu na jornada de executar suas músicas pelos becos escuros durante algum tempo, na expectativa de serem notados por uma gravadora e enfim tornarem realidade a meta de subir nos grandes palcos. Em 1980, já fãs declarados das bandas tradicionais do Metal britânico como o MOTÖRHEAD, JUDAS PRIEST e BLACK SABBATH, as ocasiões nas quais John e os demais passavam horas ouvindo os clássicos discos desta verdadeira trindade do som pesado às vezes excediam o tempo que dispunham para tocar, e foi durante um desses momentos ‘relax’ que o conjunto escutou o atemporal disco ao vivo UNLEASHED IN THE EAST do Priest (de 1979). Bastou para que os rapazes mergulhassem de cabeça no som fervoroso executado pelas guitarras gêmeas da afiadíssima dupla Gleen/ Downing, numa espécie de magia arcana que torna escravo qualquer indivíduo que ouça suas preces ocultas. O gelo seco, o couro, a pirotecnia, as luzes, as tachinhas, enfim, tudo o que aquele disco gravado durante uma turnê no Japão expunha representava o altar do Heavy Metal para o HELL RAZOR, que após deparar-se com o disco sequer sentiu a necessidade de manter o atual título, imediatamente mudado para EXCITER, a canção que abre o disco e uma das muitas faixas presentes nesse álbum. Os shows para plateias ensandecidas era o maior objetivo para o trio canadense, e uma mudança no nome e no direcionamento parecia ser a única coisa que faltava para o renascimento da banda.
Praticante de um estilo característico dos anos oitenta, o grupo tinha como base as composições rápidas dos grupos britânicos como o Motörhead, e logo se tornou uma influência para várias bandas.
Com o estouro da NWOBHM na mesma época, parecia natural que qualquer grupo de som pesado pegasse carona nesse bonde, tanto que a nova era do Metal britânico apresentava bandas cada vez mais agressivas, experimentando disparar para além das fronteiras criadas pelo BLACK SABBATH. O injustiçado VENOM foi um dos pioneiros em desfrutar da mistura fatal de instrumentos distorcidos a uma temática agressiva, e o resultado pode não ter agradado de início a grande parcela dos fãs mais tradicionais, mas provaria seu potencial com o passar dos anos, influenciando toda uma geração. Passado um prazo de dois anos, o VENOM já estava se consolidando como uma grande atração do Metal britânico, tanto que sua obra-prima estava prestes a sair do forno, quando no outro lado do continente um time já bastante entrosado com seus instrumentos e com a temática das bandas inglesas resolveu explorar o potencial de suas composições, gravando em junho de 1982 a demo WORLD WAR III. Contando com quatro faixas (algumas versões em cassete tinham apenas três), o título já entrega o conteúdo das gravações, que batem de frente com questões morais e abordam a violência sem pudor algum. O produto atendia perfeitamente a necessidade dos jovens de libertarem-se das amarras da rígida sociedade pós-segunda guerra, e foi o suficiente para a gravadora Shrapnel Records inclui-los na coletânea US METAL VOL. II no mesmo ano.
Com o retorno positivo das vendas e o bom retrospecto com os fãs, o conjunto conseguiu um contrato com a gravadora, partindo logo em seguida para o Dungeon Studios sob a tutela do produtor John Belrose, pois era preciso aproveitar o bom momento e continuar com a gravação de mais material. Parecia mentira que aqueles três rapazes, frequentemente vistos pela vizinhança como vagabundos honorários iriam enfim levar suas ambições adiante, com direito a verba para gravação e uma possibilidade de tocar para grandes públicos. O mérito não pode ficar apenas com o trio, já que o irmão de Dan, Richard Beehler, motivou muito os jovens, inclusive ajudando a manter o ritmo e a pegada nas composições, canções estas que estavam na ponta da língua e dos dedos da banda. Não foi trabalho algum sair de Ottawa em agosto de 1982 para chegar até a cidade de Aylmer, localizada na bela província de Quebec, vizinha a Ontário e começar os preparativos para a gravação de mais uma demo, dessa vez mais caprichada. Capacitado e extremamente bom de ouvido, Belrose percebeu logo de cara que a banda tinha muito potencial. Após a conclusão dos trabalhos, solicitou uma rápida conversa com os representantes do selo, a fim de transformar o conteúdo captado em um full lenght. Ainda que houvesse certa resistência da gravadora, o material era digno de uma ótima avaliação e acabamento, uma verdadeira mágica de estúdio, o que garantiu para o EXCITER a certeza que dali sairia o primeiro disco oficial da banda.
Aproveitando-se do impacto que a cena Metal desfrutava no solo norte americano, o álbum HEAVY METAL MANIAC chegou às prateleiras no primeiro semestre de 1983. Assim que foi disponibilizado, apresentou para o mundo um som cru, ríspido e de pegada agressiva, muito próxima ao Punk Rock, mas ao mesmo tempo de mãos dadas com o Heavy Metal tradicional. Os fãs, muitos deles já familiarizados com as notas furiosas do VENOM, MOTÖRHEAD e JUDAS PRIEST se deleitaram com o disco, onde as canções apresentavam uma pegada ainda pouco comum para os grupos americanos de Metal. Conforme algumas bandas planejavam velejar por notas pesadas e selvagens, como o recém-deportado RAVEN e o agora bajulado VENOM, o EXCITER apresentou ao novo mundo uma sonoridade contemporânea, deixando claro que estava a frente de um movimento que daria vida a outros gêneros do Metal. Assim foram dados os primeiros passos do Speed Metal, que tocava notas na velocidade da luz, e logo em seguida intercalava os embalos sônicos com uma cadência absurda, tão pesada quanto às máquinas da indústria moderna.
A parcela de fãs do grupo era composta por jovens eufóricos, verdadeiros devotos do Heavy Metal.
A introdução do disco com a instrumental THE HOLOCAUST dá uma breve nota do que se segue nos quase quarenta minutos da película. Ao fim desse primeiro embalo, o fã dificilmente ficará inalterado diante da sucessão das faixas que compõem o álbum, pois a sequência com STAND UP AND FIGHT, HEAVY METAL MANIAC (verdadeiros hinos do Speed Metal) IRON DOGS (um estouro! Melodias alternadas com muito peso e ritmo num show a parte de Dan Beehler! Uma das melhores) e MISTRESS OF EVIL (levada marcante, seguindo IRON DOGS de perto) não deixa nada parado. O poder dessas canções é extraordinário, tanto que nesse início de década poucas bandas conseguiam ser tão pesadas e agressivas quanto esse trio. O disco ainda conta com as faixas UNDER ATTACK (de fácil assimilação e com muita energia), RISING OF THE DEAD (o trabalho do instrumental é fabuloso, com um riff certeiro e viciante), a cadenciada BLACK WITCH (que evidencia mais o lado BLACK SABBATH da banda) e o encerramento furioso com CRY OF THE BANSHEE mostram que o Canadá partiu na frente em termos de som agressivo e visceral. Com uma joia desta em mãos, fica difícil de entender como a banda acabou não se firmando no cenário da música pesada, cada vez mais exigente com os novos grupos e procurando sempre pelo próximo torpedo desenfreado.
A Shrapnel Records, que nunca havia dado pulos de alegria pelo trabalho em questão, não gostou do resultado do disco, e o que era para ser um mar de rosas quase se transformou em frustação, mais uma vez. A salvação veio através das excursões do trio, que sempre provou ser mais eficaz nos palcos que no estúdio, e durante as muitas viagens que realizou no país - e algumas eventualmente fora dele - acabou por despertar o interesse do afiado Jon Zazula (dono da famosa gravadora Megaforce) que, como num passe de mágica, colocou os jovens canadenses no mesmo batalhão de bandas hoje consagradas, como MEGADETH, MANOWAR, ANTHRAX e claro, METALLICA. No fim das contas, o início desta grande jornada mostrou-se promissor para o conjunto canadense, mas fazer comparações entre estes primeiros e avassaladores passos com a atualidade é como comparar o sol com a lua.
Assim como os salmões descritos no início deste texto, o EXCITER serviu unicamente como suporte de um ciclo, caindo de produção com o passar dos anos e sendo tachado hoje como um grupo ultrapassado, agarrado as glórias de seu passado. Houve diversas reformulações dentro da banda, mas quando Dan Beehler ausentou-se do banquinho em que sentara por uma década, no ano de 1992, o grupo pereceu. É bem verdade que ainda hoje John Ricci, único integrante original, mantém o nome da banda na ativa como um quarteto, mas definitivamente não é mais aquele monstro dos palcos, que trazia euforia instantânea apenas com sua presença e alguns meros acordes. Em 2004 Jeff Waters (líder da banda canadense ANNIHILATOR) remasterizou o álbum, colocando à disposição dos fãs duas faixas que foram gravadas durante aqueles anos incríveis, WORLD WAR III e EVIL SINNER (faixa esta presente no álbum de 1984, VIOLENCE AND FORCE), que mantinham aquela pegada furiosa de antigamente. Esta versão ainda conta com a entrevista realizada durante o backspace do show de abertura para o BLACK SABBATH, realizado na cidade natal dos canadenses. Um registro memorável.
Hoje o número de grupos que se diz influenciado pelo EXCITER é tão grande quanto as cabeleiras daqueles três headbangers, e não é errado afirmar que a banda é uma das mais influentes do estilo. A natureza do Heavy Metal perpetuou-se a partir do sacrifício e da contribuição desta lenda do estilo, que ao nadar pelas águas do mundo pode então espalhar suas sementes, concluindo, assim, o curso de sua existência. Não há necessidade de se esperar ou almejar mais que isso...
O disco foi muito bem aceito pelos fãs, tornando-se um clássico da música pesada.
Escrito em 18 de janeiro de 2014 com início às 19hrs. e 22min.


domingo, 12 de janeiro de 2014

Black Sabbath - Black Sabbath

O primogênito do Heavy Metal... Senhoras e senhores: Black Sabbath.
É sabido que, para toda e qualquer coisa no universo há um começo, um princípio. Nada vem do nada e, consequentemente, parte para o nada, pois sempre há uma causa ou motivo para a criação ou destruição de algo. Seguindo o princípio científico da criação da matéria espacial (entram nesse panorama todos os corpos celestes como os planetas, os asteroides e as estrelas), os astros que compõem todo o cenário cósmico são resultado de uma violenta explosão, conhecida como Big Bang. O princípio ativo do Big Bang consiste em explicar, através dos fatores científicos, que ocorreu uma explosão de proporções aparentemente incalculáveis que romperam com as condições físicas e térmicas em alguma escala no passado, ocasionando uma expansão de massa através dos tempos, que continua a crescer e atingir dimensões cada vez maiores, conforme a geração de calor passa a criar essa expansão e possibilitando o acúmulo de mais massa. Estima-se que essa enorme explosão ocorreu há mais de treze bilhões de anos, e o resultado de tudo isso é o universo no qual habita nosso planeta e todos os demais corpos celestes que estão presentes no mesmo.
Essa é uma forma bastante resumida de tentar explicar a criação do universo e os astros que o compõem, e é certo que até o momento ainda não fomos capazes de presenciar nenhum Big Bang (embora a tecnologia tenha nos permitido criar enormes aceleradores de partículas que em teoria comprovam a ação da Grande Explosão), contudo, existe outra semente capaz de gerar corpos celestes de forma semelhante ao dissertado acima, só que de maneira mais razoável e compreensível.
Os pilares da criação são aglomerados de gás e poeira com tamanho interestelar, localizados a anos-luz da terra e são responsáveis pelo nascimento das estrelas. O nome foi dado por se parecerem a grandes pilares erguidos no universo, sendo que o fenômeno do nascimento estrelar ocorre no momento em que grandes partículas dos tais pilares se desprendem dos mesmos (resultado de acúmulo de altas temperaturas que se manifestam juntamente com os gases presentes nos pilares) e após atingirem determinadas proporções acabam por condensar e formar os corpos celestes. A estes verdadeiros colossos são dados a credibilidade da criação de muitas formas celestiais, compondo assim grande parte da massa universal existente.
Se com o universo foi (e ainda é) dessa forma, é óbvio que com tudo que nos compõe também segue a mesma premissa. Atendendo à necessidade de que tudo parte de um princípio, as ações humanas também possuem seus “pilares da criação”, e se adentrarmos o campo da música perceberemos que até aí vemos a ação da “Grande Explosão”.
Era final da década de sessenta. A Inglaterra pós-guerra não era mais que uma nação tentando se reerguer após a destruição causada pela guerra contra os nazistas há pouco mais de vinte anos, e o cenário não era satisfatório para as classes mais baixas da população. Em meio à crise que assolava o país, sindicatos trabalhistas não possuíam recursos para satisfazer as necessidades da classe trabalhadora, enquanto a juventude crescia sujeita a delinquência e a marginalidade. O recém-reabilitado social John Michael Osbourne morava na cidade industrial de Birmingham (efe havia sido julgado e condenado por furto, sendo obrigado a passar um tempo na cadeia) e trabalhava esporadicamente num matadouro, enquanto via sua vida passar. Esse era o destino de praticamente todos os jovens de sua terra natal, e uma vida regada a aventuras e desafios representava muito mais para a juventude local que qualquer possibilidade de sustento gerada pelas chaminés das fabricas. O decadente município britânico também confortava o delinquente Anthony Frank Iommy, filho de um dono de uma loja de doces e que tinha fama de ser um valentão na adolescência; além do excêntrico Terence Michael Joseph Butler que gostava de desfilar um guarda-roupa usado e de péssimo gosto; e de William Thomas Ward, um sujeito que tinha o hábito de não fazer nada a não ser perambular pelas ruas. Sob os olhares de uma sociedade altamente conservadora, que tratava seus filhos sob rígidas regras da conduta e postura, não era estranho perceber que a juventude se unia e seguia a contra mão de todo aquele moralismo, desafiando a autoridade ao abraçar os conceitos de liberdade e igualdade que uma vez foi plantado na mente de cada cidadão. A British Invasion foi um grande marco para a revolução cultural que começava a dar as caras naquela época, e grupos como CREAM, YARBIRDS, FEETWOOD MAC e THE WHO davam as notas do que seria executado nas próximas décadas, só que de uma maneira mais particular, mais apontada para a realidade daquela juventude. Não demorou para o caminho dos quatro jovens aqui citados se cruzar, e o que nasceu desta união pode ser comparado ao Big Bang que foi mencionado no início deste texto.
Como centenas de jovens ingleses, a sensação que estes rapazes possuíam era de que a vida não valia nada, então uma possibilidade de existirem para a música começou a se tornar uma realidade cada vez mais presente. Com o objetivo firme de fazerem uma banda e seguir aquela linha de Blues pesado e elétrico já praticado por BEATLES e ROLLING STONES - os heróis de uma geração - o quarteto começou a elaborar jams que iam de encontro a essa sonoridade que a princípio era caótica, mas representava tudo o que eles acreditavam. Sob o embalo de linhas distorcidas de guitarra e peso de baixo, foi pegando um nome emprestado de uma loja de roupas indianas da redondeza que o conjunto iniciou sua aventura musical. O POLKA TULK BLUES BAND, como era inicialmente conhecido, praticava um som denso, mas distante daquilo que consagraria os rapazes mais adiante. O tempo se encarregou de reduzir o título da banda para apenas POLKA TULK enquanto o grupo evoluía sua habilidade lírica e técnica instrumental.
Desde esses remotos dias Tony Iommy já mostrava ser um sujeito diferenciado. Um acidente sofrido durante um dia de trabalho em uma fábrica lhe custou a ponta de dois dedos da mão direita, o       que tecnicamente comprometeria toda a sua vida artística como guitarrista. Entretanto, seguindo o exemplo do lendário guitarrista cigano Django Reinhardt (que tocava seu instrumento apesar de possuir apenas três dedos móveis em uma das mãos), Tony desenvolveu seu próprio estilo de tocar, fazendo de suas apresentações verdadeiras exibições de mágica. Entre os anos de 1968 e 1969 o conjunto mudou de nome mais uma vez, que por sugestão de Bill Ward passou a se chamar EARTH (para os músicos a pronúncia era mais fácil). O nome, contudo, não durou muito, pois já havia outra banda mais famosa que usava a mesma alcunha, forçando os rapazes a bolar outro título. Foi aí que a semente de tudo que viria a compor a vida desses jovens passou a germinar. Grande apreciador de literatura de horror e ocultismo, Geezer Butler (que já atuava como principal compositor da banda) assistiu a um filme de terror do famoso diretor italiano Boris Karloff que o fez se perguntar “por que as pessoas pagam para sentir medo?” Após a questão, imediatamente sacou a resposta que desvendava tanto o mistério que envolvia a morte e seus segredos como as questões da banda. Estava claro na mente de Geezer que uma mudança no direcionamento artístico do conjunto se tornava necessária, e cantar e tocar apenas sobre o amor e a liberdade já não atenderia a todo o momento pelo qual o grupo passava. O nome EARTH seria visto pela última vez num palco em uma noite de apresentações viscerais e daria lugar a algo que, se a princípio soava detestavelmente repulsivo, ao mesmo tempo proporcionava uma aura de mistério e fascínio que perduram até hoje. Sem dúvida Boris karloff foi genial ao dirigir o filme BLACK SABBATH, que pode ter significado pouco para uma geração, mas muito para a que ainda estava por vir.
Na versão original do LP essa cruz invertida deu o que falar...
Nessa época a banda já contava com os trabalhos do empresário Jim Simpson, que entre o agendamento de uma apresentação e outra conseguiu arranjar um contrato para o grupo com o novato selo Vertigo (uma subsidiária recém-aberta da holandesa Philips Records), o que garantiria aos rapazes de Birmingham a gravação de um disco. Parecia uma voz distante, vinda de longe, que dizia para o quarteto que aquilo era apenas o começo de tudo, mas para quem havia passado a vida inteira cercado pela miséria e incerteza nada daquilo parecia ser de fato real.
Com o apoio do também novato na área Roger Bain (recém-contratado pela Vertigo para produzir o álbum), o conjunto rumou para Londres, disposto a registrar o material de seu primeiro full lenght. As gravações foram realizadas entre os dias 16 e 19 de outubro de 1969, pelo módico preço de seiscentas libras, no Regent Sound Studios, localizado na Tottenham Court Road. Para auxiliar na produção, Roger contou com a supervisão dos engenheiros de som Tom Allom e Barry Sheffield, que cuidaram dos efeitos técnicos da obra (o barulho da chuva e os sinos na faixa título foi ideia deles). Roger também seria o responsável pela gravação dos outros dois discos da banda, além do primeiro álbum dos conterrâneos de Ozzy e companhia, o JUDAS PRIEST, intitulado ROCKA ROLLA, de 1974.
Pelo curto tempo disponibilizado para a utilização do estúdio (um fato normal para qualquer banda naqueles dias), o trabalho foi inteiramente gravado ao vivo, com todo mundo tocando ao mesmo tempo. Para facilitar a captação dos vocais graves de Ozzy, o mesmo teve que ficar sentado num canto do estúdio enquanto Bill, Geezer e Tony tocavam no meio, o que acabou por se tornar uma das marcas do BLACK SABBATH no início da carreira, em apresentações que o frontman não ficava na frente...
Para preceder o lançamento do vinil, a gravadora sugeriu dois singles para a banda, com a intenção de alavancar o trabalho na data de seu lançamento. Foram preparadas duas faixas para essa ocasião, EVIL WOMAN (DON’T PLAY YOUR GAMES WITH ME) - uma canção cover do grupo inglês CROW - e WICKED WORLD. O material foi lançado em janeiro de 1970, e mesmo sendo relançado em março daquele ano foi um fracasso de vendas. O álbum, por sua vez, não seguiu a premissa do single, e foi muito bem recebido pelo público, atingindo o oitavo lugar nos charts britânicos.
Oficialmente lançado no dia 13 de fevereiro de 1970 (uma sexta-feira, aliás) o álbum autointitulado chocou a cena musical britânica logo de cara, com uma capa que representa um enigma até hoje. A foto, que mostra uma bruxa em frente a uma casa abandonada foi tirada em um moinho destruído (Mapledurham Watermill) em Oxforshire na Inglaterra, sendo que não se sabe ao certo se a mulher que aparece na foto é uma atriz contratada ou uma colagem. Ao abrir o disco, o encarte original mostra uma enorme cruz invertida com um poema gótico escrito na figura, dando a entender que o conteúdo do disco é extremamente satânico, o que rendeu certa dor de cabeça para o grupo no início, com a constante perseguição de seitas que desejavam saber mais sobre o quarteto. Vale lembrar que nada disso foi projetado pelo conjunto, tudo foi uma proposta da gravadora, mas acabou alavancando as vendas do disco.
O grande destaque do álbum fica por conta de sua sonoridade. A juventude já havia presenciado o surgimento de grupos que tocavam Rock pesado, como o seminal LED ZEPPELIN e o bem arranjado DEEP PURPLE, mas embora essas duas bandas prezassem pelo som agressivo e visceral, nada se comparava as notas soturnas e o peso absurdo do instrumental trabalhando ao lado de letras que cantavam sobre guerra e medo, princípios totalmente contrários a era paz e amor que estava acabanado. O impacto de canções como THE WIZARD, N.I.B., SLEEPING VILLAGE e a faixa título obriga o ouvinte a entrar num estado hipnótico, levado por forças ocultas a transitar por mundos distintos... A força do disco é tamanha que o simples gênero Rock’n’Roll já não era mais suficiente para comportar tanto poder, o que forçou a mídia a rebatizar a música pesada do conjunto como Heavy Metal. Enfim, o mundo estava diante do baluarte de todo o som agressivo que infestaria as residências mundo a fora nas décadas seguintes, e dificilmente alguém pode afirmar o contrário: o BLACK SABBATH é o pai legítimo de toda e qualquer manifestação que provenha do Metal.
O disco ainda conta com as faixas BEHIND THE WALL OF SLEEP, que apresenta uma levada semelhante ao que a banda desenvolveria principalmente nos dois trabalhos seguintes, além da faixa EVIL WOMAN já citada e inclusa no single, e a canção WARNING, que é outro cover da banda de Blues AYNSLEY DUNBAR RETALIATION, que por regra de Roger Bain teve um solo de dezoito minutos retirado durante a mixagem do disco. Por questões legais a canção EVIL WOMEN não apareceu na primeira prensagem da versão americana do álbum, sendo substituída pela canção WICKED WORLD, lado B do single comentado acima. Somente após mais de vinte e cinco anos após o lançamento original uma versão contaria com todas as oito faixas.
Os shows que seguiram o lançamento do disco foram avassaladores, e era no palco que a banda realmente mostrava seu poderio. Ozzy chacoalhava a cabeleira e batia palmas enquanto cantava, dando sinais de que se tornaria o ‘madman’ aclamando na década seguinte, enquanto Tony e Geezer desfilavam técnica e graça na forma de tocar (Geezer revolucionou a forma de como usar o baixo na música pesada, enquanto Tony é uma referência para praticamente todos os guitarristas de Heavy Metal) e Bill Ward mostrava ao mundo o que era tocar bateria com personalidade e atitude (era difícil de acreditar como o sujeito conseguiu aprender a tirar o som de seu instrumento sem aula nenhuma).
Fica claro depois de tudo isso que Heavy Metal também possui sua origem, a forma primária que deu possibilitou o surgimento de toda uma geração. Assim como o Big Bang que deu vida a tudo que há no espaço, ou aos pilares da criação que trazem à tona as estrelas, o Heavy Metal pode se orgulhar de ter um começo digno, que parte deste ponto e retorna para este ponto, como todas as coisas no universo.

E a coragem pra apertar o play? O álbum ainda soa atemporal.

Escrito em 12 de janeiro de 2014 às 17hrs. e 30min.

domingo, 5 de janeiro de 2014

Sin After Sin - Judas Priest

O clássico disco de Heavy Metal da banda britânica Judas Priest, lançado em 1977.
Muitas vezes, o que pode representar uma iniciativa ousada ou um passo adiante pode culminar em um desastre, uma falha de proporções inimagináveis. O ímpeto de tomar uma decisão, contudo, sempre forçou a humanidade a caminhar adiante, sejam por quais caminhos forem. Está em nossa genética desbravar o desconhecido, aventurar-se na imensidão do novo e angariar conquistas, sair do comodismo e do senso comum. Foi assim durante toda a nossa história, da criação ao cotidiano. Não seria diferente com a arte...
Em 1977 o grupo de Birmingham (Londres), JUDAS PRIEST, estreou pelo novo selo, a CBS (como era conhecida a empresa Columbia Records à época) justamente por discordar da metodologia de investimento propagada pelo seu antigo selo, a Gull Records (a banda afirmara que a empresa não divulgava seu material como deveria). Tal iniciativa gerou a responsabilidade de lidar com uma gravadora grande da época, onde a qualidade dos trabalhos poderia resultar em um contrato duradouro e consequentemente o sucesso absoluto. No entanto, dois fatores determinaram um desafio maior que o esperado para a banda: A saída da antiga gravadora custou-lhes o a posse sob o direito de todos os seus trabalhos anteriores (até então dois álbuns de estúdio, incluindo diversas demos) - o que foi um duro golpe, e o fato de possuírem na bagagem um trabalho de 1976 aclamado pela crítica e público, o atemporal SAD WINGS OF DESTINY (obra que, embora não tivesse a participação direta de Al Atkins, ex-vocalista do grupo, ainda contava com muitas de suas ideias).
Como lidar com tal situação, visto que, tanto os fãs como a mídia em geral estavam ansiosos pela nova empreitada do grupo, justamente com a sensação de que agora, com um selo de maior qualidade, poderiam consolidar de vez o nome da banda no cenário da música pesada? E ainda por cima, encarando a sombra do mais recente trabalho, uma verdadeira joia do Heavy Metal? O próximo passo não poderia ser mais difícil ou ousado.
A segunda metade dos anos setenta marcou o cenário da música pesada. Se por um lado os expoentes do Hard Rock continuavam a toda velocidade, enquanto o embrião Punk dava seus primeiros passos nos guetos nova-iorquinos, o lado mais pesado do Rock começava a dar sinais de fraqueza que o acompanhariam até o fim da década. O BLACK SABBATH, após o lançamento do seminal SABOTAGE em 1975 começaria um declínio criativo, onde os próximos discos (TECHNICAL ECSTASY de 1976 e NEVER SAY DIE de 1978) não alcançariam o mesmo status das primeiras obras, verdadeiros pilares para qualquer grupo de som pesado. A explosão da NWOBHM ainda não havia acontecido, e um perigo rondava as trincheiras do Rock de uma forma geral: a Disco Music, com seus traços que uniam diversos gêneros musicais numa salada dançante e aparentemente descompromissada. Foi diante desse cenário que o JUDAS PRIEST procurou lançar o sucessor de sua obra-prima que, se não atingiu o mesmo patamar do ‘anjo caído’ pelo menos serviu para mostrar ao público uma banda que sabia manter o nível de seus trabalhos e procurava inovar no quesito sonoridade e ritmo de suas composições.
Num ano em que o mundo perderia dois grandes gênios da arte popular (em 16 de Agosto Elvis Presley jamais balançaria as cadeiras novamente, enquanto em 25 de Dezembro Charles Chaplin fazia o cinema voltar a se calar para reverenciá-lo) o JUDAS PRIEST emplacou o trabalho intitulado SIN AFTER SIN. Gravado em janeiro de 1977 e lançado em 8 de abril do mesmo ano, a obra foi produzida pela própria banda em parceria com o então baixista do grupo DEEP PURPLE, Roger Glover, no Ramport Studios, em Battersea (ao sul de Londres). O local é famoso por ter sido de propriedade da banda britânica THE WHO que gravou nesse mesmo estúdio o álbum QUADROPHENIA em 1973, tida como a obra mais emblemática do conjunto.
O disco com o encarte aberto ao fundo, dando mostras de um acabamento digno do relançamento realizado pela Sony em 2001.
Algumas curiosidades cercaram a concepção do disco, como por exemplo, o fato de ser o único registro de estúdio da banda a não contar com um baterista fixo, sendo o instrumentista Simon Phillips recrutado apenas para esta função. O baterista anterior, Allan Moore, partiu subitamente do grupo após a turnê de SAD WINGS OF DESTINY. Os ensaios com Phillips ocorreram no Pinewood Studios (próximo a Londres), famoso local de gravação de filmes consagrados, como os de James Bond e Superman. O fato mais inusitado ocorreu durante as seções de gravação do trabalho. Enquanto não estavam em estúdio, os integrantes da banda ficaram acomodados em um convento (!) onde, além de terem cama e comida disponíveis, eram tratados como verdadeiras estrelas em virtude do nome da banda, a qual certamente as freiras confundiram e atribuíram ao grupo algum cunho religioso...
O título da obra não aborda nenhuma conotação conceitual, contudo a primeira faixa, SINNER, apresenta uma levada rítmica sensacional, com o desempenho das guitarras duplas que já marcavam a mente dos fãs como algo registrado pelo conjunto e uma letra totalmente voltada ao lado hostil do ser humano e ao pecado (não por menos o vocalista e baixista alemão Mat Sinner usaria o título desta música como alcunha para si mesmo e também como nome para sua banda, anos depois). DISSIDENT AGRESSOR viaja na mesma linha (inclusive esta faixa foi ‘coverizada’ pelo SLAYER), com fraseados de guitarra apoteóticos, demonstração de talento da dupla Tipton/ Downing. LAST ROSE OF THE SUMMER mostra uma balada tranquila, seguida de perto pela crescente HERE COMES THE TEARS, cujo refrão toma forma no final de maneira espetacular ao lado de um solo virtuosíssimo! Vale destacar a presença marcante do baixo de Ian Hill, cuja timbragem e captação caíram muito bem durante toda a execução do disco. A parte acelerada fica por conta de STARBREAKER (o baixo de Ian Hill detona novamente), enquanto LET US PRAY/ CALL FOR THE PRIEST apresenta velocidade acima do permitido para a época (estamos falando de meados da segunda metade de 1970, o Thrash Metal sequer era um embrião), onde até o contratado Phillips mostra uma disposição de um jovem iniciante. Uma falha durante a prensagem do disco fez com que as duas faixas fossem colocadas juntas, quando na verdade LETS US PREY é uma pequena introdução para CALL FOR THE PRIEST.
RAW DEAL é uma autêntica mostra de capacidade de um grupo consagrado, é uma faixa que determina quem vai longe ou não nesse negócio de música pesada! Um dos destaques do álbum, ainda é incrível perceber como muitas bandas atuais não conseguem reproduzir tal avalanche de notas em tão perfeita qualidade e com tanta garra. Os vocais de Rob Halford já davam mostras da grandiosidade que o mesmo atingiria anos depois, alcançando notas de dar inveja em trabalhos marcantes e cada vez mais viscerais. O ponto alto do vinil viria com um cover da cantora Folk norte-americana Joan Baez, o hit DIAMONDS AND RUST, que muitos acreditam até hoje se tratar de uma faixa autêntica da banda tamanha a grande identificação da música com o público. Alguns anos depois Baez foi ao encontro do grupo acompanhada de seu filho que, ainda garoto a época, afirmou que a versão do Priest era melhor (o que convenhamos, não está longe da verdade).
A mostra de que o conjunto estava amadurecendo rapidamente deixou muitos fãs de cabelos em pé, principalmente porque o JUDAS PRIEST já dava claros sinais de que comandaria a próxima leva de bandas de Heavy Metal da década seguinte. Não por menos, IRON MAIDEN, SAXON e muitos outros grupos traziam na sua linha de frente uma dupla de guitarristas amparadas por paredes de amplificadores Marshall e um furacão de notas executadas impetuosamente ao chacoalhar de cabelos em meio à pirotecnia e ao gelo seco. Tudo isso foi inspirado no que K.K. Downing, Gleen Tipton e companhia fizeram no final dos anos setenta.
Porém, sempre tem os pesares. São inevitáveis, pois se há um grande trabalho sendo executado, ele sempre terá que passar pelo severo olhar da crítica e esta é conhecida por não dar margem a qualquer demonstração de incapacidade ou incoerência. Mesmo com todo poderio demonstrado, com guitarras na frente, um vocal mais que capacitado e uma cozinha segura e eficaz, o álbum quase estagnou, pois mesmo com toda a qualidade apresentada a mídia especializada atribuía nota abaixo de seu antecessor, ainda abraçado como obra-prima. Seria o SAD WINGS OF DESTINY a cruz do quinteto britânico? Ou seria este um passo em falso da banda, uma falha naquela tal iniciativa desbravadora? Bom, se considerarmos que SIN AFTER SIN rendeu ao grupo sua primeira turnê pelos Estados Unidos em shows de abertura para o FOREINGNER e o REO SPEEDWAGON, culminando no festival Day Of The Green no Oakland Coliseum com ninguém menos que o LED ZEPPELIN (nos dias 23 e 24 de Julho de 1977), pode-se entender que este foi mais um grande salto dos meninos de Birmingham. Nessa ocasião o quinteto tocou para mais de 120.000 pessoas num espaço de dois dias, o que sem sombra de dúvidas não é algo pequeno para uma banda de Heavy Metal nos anos setenta.
O reflexo das faixas contidas no disco atravessou gerações, sendo que o álbum foi agraciado com relançamentos durante as décadas seguintes. No auge do sucesso, na segunda metade dos anos oitenta, ninguém queria ficar de fora sobre como tudo começou para o grupo, e ao acompanhar as notas deste trabalho a garotada ficava perplexa ao notar que a sonoridade, a determinação e a técnica eram as mesmas, como se a diferença de quase dez anos em nada tivesse afetado o conjunto. O relançamento do álbum em 2001 feito pela Sony trouxe um disco totalmente remasterizado, além de incluir de bônus duas faixas, sendo uma ao vivo (no caso a música JAWBREAKER gravada no festival ABC Rock Network Broadcast ocorrido no Long Beach Sports Arena, em Long Beach, Califórnia, no dia 5 de maio de 1984) e outra inédita até então, gravada no Savage Studios em 1978. Trata-se de RACE WITH THE DEVIL, um cover do grupo THE GUN que apresentava notas afiadas e com poder de sobra para estar na parte regular do disco.
Para o JUDAS PRIEST o desconhecido tornava-se cada vez mais comum, enquanto o grupo acumulava clássicos do Heavy Metal em sua extensa discografia (ainda na década de setenta a banda lançaria os discos STAINED CLASS, KILLING MACHINE e o mega clássico ao vivo UNLEASHED IN THE EAST gravado no Japão), os desafios para atingir o tão sonhado patamar de deuses do Heavy Metal estavam apenas no início, mas com todo o gás que vinham demonstrando já era bastante evidente que esse tortuoso caminho seria amplamente trilhado.
O disco pronto para destilar os clássicos...

Escrito em 05 de janeiro de 2014 às 16hrs e 37min.